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INFLUÊNCIA POLÍTICA
© Assembleia da República / parlamento.pt
ELEIÇÕES EUROPEIAS 2024

Sabias que 80% da legislação ambiental é decidida na Europa? É por isso que a União Europeia (UE) é tão crucial como fórum democrático, para que os países colaborem para enfrentar desafios ambientais comuns, como as crises climática e de biodiversidade.

Os resultados destas eleições mostraram a forma como as narrativas de extrema direita e conservadoras, centradas em ganhos económicos a curto prazo e na desinformação, desviaram a atenção da necessidade da transição ecológica, essencial para a natureza e clima, mas também para a segurança financeira e o bem-estar das pessoas. Afinal, tornar a Europa mais verde impulsiona a economia e cria empregos, para além de assegurar um futuro justo para todas as pessoas. 

Prioridades pós-eleições? Garantir Direitos Humanos, claro -  e tornar imediata e transversal a transição verde e socialmente justa, com base no consenso cientifico sobre o clima e a natureza. Afinal, esta pode ser a única forma de garantir a segurança e a sustentabilidade competitiva da Europa. Confere aqui os resultados das eleições. 

PRIORIDADES AMBIENTAIS PARA A EUROPA
É urgente garantir que a UE acabe rapidamente com a sua dependência dos combustíveis fósseis e construa um futuro de energia renovável limpa e acessível para todos - para garantir que as nossas economias sejam resilientes às crises energéticas, para ajudar a travar as alterações climáticas descontroladas, e criar um ambiente mais saudável.

• Definir a meta de reduzir para metade o consumo de energia na UE e alcançar um sistema de energia 100% renovável até 2040, com base na implantação bem planeada e segura da natureza da energia solar e eólica em terra e no mar;

• Definir datas-alvo para acabar com o uso de carvão, gás e petróleo, nessa ordem, ajudando ao mesmo tempo as famílias mais vulneráveis no acesso à energia limpa;

• Limitar a influência excessiva das indústrias de combustíveis fósseis, tributando os lucros inesperados, proibindo a utilização de publicidade e patrocínio, e introduzindo um escrutínio público mais rigoroso e uma transparência proactiva.
É fundamental reconhecer os benefícios sociais, económicos e ambientais proporcionados por ecossistemas saudáveis na terra e no oceano - que são essenciais para a subsistência das pessoas, garantindo a nossa alimentação e segurança hídrica.
 
A UE deve consertar o nosso sistema alimentar falido - que está a prejudicar a nossa saúde, o ambiente, bem como a de muitos agricultores - e disponibilizar alimentos sustentáveis para todos.

• Duplicar os investimentos nacionais e da UE na natureza para, pelo menos, 50 mil milhões de euros anuais, incluindo através da criação de um novo fundo da UE para atividades de restauro da natureza realizadas por agricultores, silvicultores, proprietários de terras, pescadores e comunidades costeiras e assegurando que os governos nacionais aumentem a percentagem do produto interno bruto investido na natureza;

• Adoptar e implementar um novo quadro de adaptação climática que dê prioridade a soluções baseadas na natureza para proteger os europeus contra riscos climáticos, como secas, ondas de calor, inundações e incêndios mais intensos e frequentes. Ao proteger, restaurar e gerir melhor a natureza, podemos reduzir o aumento das temperaturas, reter melhor a água e aumentar a resiliência das culturas;

• Reforçar a Estratégia de Biodiversidade da UE em consonância com o Quadro Global para a Biodiversidade, nomeadamente assegurando que todos os Estados-Membros da UE adotam e implementam estratégias e planos de ação nacionais ambiciosos em matéria de biodiversidade e, pelo menos, duplicando o apoio financeiro internacional da UE à biodiversidade até 2030.
É essencial assegurar que as pessoas conseguem lidar com a rápida transição socioeconómica que enfrentamos, devido às crises climáticas, energéticas e de biodiversidade, com foco nas famílias vulneráveis e no combate às desigualdades e no fim dos benefícios para os grandes poluidores.

• Estabelecer programas de energia limpa e de poupança de energia de grande escala, financiados pela UE e facilmente acessíveis para os cidadãos, que apoiem a renovação profunda dos edifícios, o acesso à energia limpa e renovável, o investimento em opções de transporte público e partilhado, ciclismo, caminhadas, bem como a requalificação e formação para que todas as pessoas possam usufruir dos benefícios da transição ecológica e encontrar empregos nas indústrias limpas do futuro;

• Introduzir reformas para apoiar uma maior participação dos cidadãos no desenvolvimento de políticas e uma maior transparência política a nível da UE e nacional, garantindo a igualdade de acesso à informação e à justiça em questões ambientais para todos os cidadãos em toda a Europa;

• Concluir um quadro claro de financiamento de transição para o financiamento privado verde, garantindo que as instituições financeiras privadas aumentem o apoio à transição verde das empresas e parem de financiar atividades prejudiciais, e garantindo que o greenwashing seja evitado.
PESSOAS E PLANETA NO CORAÇÃO DA NOSSA POLÍTICA

Conhece o nosso Manifesto na íntegra, com as recomendações políticas da WWF para a UE 2024-2029

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2024

Para garantir que os líderes que estão à frente das decisões em Portugal estejam comprometidos em reverter este cenário, a Coligação C7 - composta pela ANP|WWF, FAPAS, GEOTA, LPN, Quercus, SPEA e ZERO - destaca um conjunto de medidas priorirárias que devem ser tidas em conta na ação do atual governo.

Clica nas caixas abaixo para conheceres todas estas medidas. 

PRIORIDADES AMBIENTAIS PARA PORTUGAL
  • Garantir o cumprimento da meta de proteção de 30% do território terrestre e marinho até 2030, através de uma rede eficaz de Áreas Protegidas ecologicamente representativas, conectadas e bem geridas; 
  • Garantir a implementação da Rede Natura 2000 (nomeadamente, a conclusão da elaboração dos planos de gestão e a ampliação desta rede ecológica em Portugal) e a efetiva aplicação da legislação, da regulamentação e de iniciativas de conservação, monitorização e fiscalização em todo o Sistema Nacional de Áreas Classificadas;
  • Elaborar e implementar o Plano Nacional de Restauro de forma participativa, com as ONGAs e demais atores relevantes, para promover o restauro ecológico à escala da paisagem e dos ecossistemas degradados, reabilitar o equilíbrio ecossistémico e reverter a perda de biodiversidade;
  • Promover o restauro dos rios através da remoção de barreiras fluviais obsoletas, em linha com o objetivo do Pacto Ecológico Europeu de libertar 25 mil km de rios, tendo como ponto de partida o levantamento já feito pela Agência Portuguesa de Ambiente;
  • Aumentar em pelo menos 50% o financiamento disponível (quer em Orçamento de Estado, quer no Fundo Ambiental) para ações de conservação da natureza, que deverá ser plurianual, de forma a garantir o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos, nomeadamente o Global Biodiversity Framework da Convenção da Diversidade Biológica;
  • Manter a nível europeu a posição louvável de defesa da proteção do lobo, impedindo a redução do seu estatuto de proteção dentro da União Europeia;
  • Criar legislação para a conservação das árvores junto das estradas nacionais e municipais, obrigando as entidades gestoras a fundamentarem publicamente as decisões sobre abates.
  • Urgência na criação do Conselho de Ação Climática e implementação da Lei de Bases do Clima;
  • Garantir a participação efetiva das ONGAs nos processos de revisão do Plano Nacional de Energia e Clima e do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2045, previstos para 2024;
  • Promover a transição para uma economia de baixo carbono para que progressivamente se consiga a eliminação de todos os subsídios e apoios públicos aos combustíveis fósseis;
  • Realizar um planeamento sistemático, amplo, integrado, baseado na ciência e participativo para a definição das go-to areas para instalação de projetos de energias renováveis, sejam eles terrestres ou offshore, para garantir que a expansão das energias renováveis não coloca em causa a conservação da biodiversidade, independentemente de esta se situar dentro ou fora de áreas de conservação; 
  • Promover a eficiência energética e apostar prioritariamente na produção descentralizada das energias renováveis, nomeadamente em comunidades energéticas.
  • Investir na agricultura de baixo impacto, que realiza práticas sustentáveis de uso do solo e da água, com reduzida emissão de gases de efeito de estufa e que beneficia a biodiversidade;
  • Promover o uso eficiente e contido da água na agricultura, diversificação e complementaridade entre origens de água nos diversos sistemas de abastecimento, e a regulação do uso de água em todos os sistemas;
  • Criar o Plano Nacional de Alimentação Sustentável, que defina de forma participada e transparente os princípios para a alimentação sustentável e os integre de forma sistémica nas políticas de produção, consumo e combate ao desperdício e perdas de alimentos, bem como nas políticas de saúde;
  • Inserir critérios ambientais obrigatórios para as compras públicas de alimentação escolar, garantindo uma alimentação saudável e sustentável nas cantinas, privilegiando cadeias de abastecimento mais sustentáveis e dando escala à implementação da Estratégia Nacional para as Compras Públicas Ecológicas;
  • Promover a adoção eficaz de dietas sustentáveis (sem se limitar à dieta mediterrânica), inclusive através da integração deste tipo de medidas, com definição de objetivos e metas concretas, na revisão do Plano Nacional de Energia e Clima e do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2045.
  • Estabelecer moratória à mineração em mar profundo em águas nacionais, e continuar a apoiar a moratória em águas internacionais;
  • Desenvolver de forma participativa e implementar o Plano de Ação Nacional para a Gestão e Conservação de Tubarões e Raias, bem como o Plano de Ação para a Mitigação da Pesca Acidental em Cetáceos, Aves e Tartarugas;
  • Instaurar o Fórum de Carbono Azul em Portugal;
  • Apoiar a transição das pescarias para uma pesca de baixo impacto, canalizando os fundos públicos para a realização de avaliação que comprove os impactos das pescarias e eliminando gradualmente os subsídios à pesca prejudiciais aos recursos pesqueiros, além de garantir o financiamento e capacitação para institucionalização da cogestão de pescarias;
  • Assegurar a correta implementação da Diretiva-Quadro da Estratégia Marinha através de planos de monitorização baseados na ciência e com o financiamento adequado;
  • Assegurar a correta implementação da Política Comum de Pescas, em especial do novo Regulamento de Controlo e do Plano de Ação Marinha.

Para além destas prioridades temáticas, é essencial que sejam garantidos mais espaços formais para a participação da sociedade civil na construção das políticas públicas em todas as suas etapas, desde as fases mais iniciais de elaboração, passando pela implementação, até à monitorização. Além disso, as consultas públicas podem ser otimizadas por meio de plataformas únicas (à semelhança da Comissão Europeia), tendo como padrão mínimo o que está estabelecido na legislação de Avaliação de Impacte Ambiental e assegurando o cumprimento da Convenção de Aarhus sobre direirto de participação.

A C7 considera que estas medidas são o mínimo necessário para que Portugal faça frente aos desafios ambientais globais, sem as quais não será possível o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos, nem tampouco garantir um ecossistema e uma sociedade resilientes.

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